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Enquadramento SIP IV

Nesta fase do trabalho, abordámos, como esperado, a temática do autismo, sendo que os alunos com que trabalhámos têm uma perturbação no espectro do autismo.

 

O que é o Autismo?

"É hoje geralmente aceite que as perturbações incluídas no espectro do autismo, Perturbações Globais do Desenvolvimento nos sistemas de classificação correntes internacionais, são perturbações neuropsiquiátricas que apresentam uma grande variedade de expressões clínicas e resultam de disfunções do desenvolvimento do sistema nervoso central multifatoriais"(Descrição do Autismo, Autism-Europe, 2000).

A definição de autismo varia consoante os autores e o tempo, no entanto, a mais recente é a da DSM-IV-TR de 2002 (Kuperstein & Missalglia, 2005) “o transtorno autista consiste na presença de um desenvolvimento comprometido ou acentuadamente anormal da interação social e da comunicação e um repertório muito restrito de atividades e interesses. As manifestações do transtorno variam muito, dependendo do nível de desenvolvimento e da idade cronológica do indivíduo”.

 

Segundo a Federação Portuguesa de Autismo, “o autismo é uma perturbação global do desenvolvimento infantil que se prolonga por toda a vida e evolui com a idade. Manifesta-se através de dificuldades muito específicas ao nível da interação social, da aquisição e uso convencional da comunicação e da linguagem, pela restrita variedade de interesses e alterações do comportamento”.

 

Estas perturbações costumam estar associadas a dificuldades em utilizar a imaginação, em aceitar alterações de rotinas, a um défice de atenção e de concentração, à falta de motivação e à exibição de comportamentos estereotipados, implicam também um défice na flexibilidade de pensamento e um modo de aprender peculiar. É também universalmente reconhecida a grande dificuldade que os autistas têm em relação à expressão e compreensão das emoções. Consequentemente a socialização e a autonomia dos indivíduos com esta patologia é muito debilitada. Sendo que, estes indivíduos têm uma grande dificuldade em compreender o que é socialmente aceite ou não. É crucial que haja um acompanhamento no sentido de inserir os autistas na Sociedade.

 

Isto porque, os autistas caracterizam-se por ter dificuldades em compreender e responder de forma adequada às diferentes situações do meio ambiente, selecionar e processar informação pertinente, bem como, responder a estímulos sensoriais.

 

Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intacta, outras apresentam um retardo mental, mutismo ou importantes atrasos no desenvolvimento da linguagem. É deste modo, muito difícil agrupar crianças autistas em métodos de aprendizagem igualitários, uma vez que, cada criança tem características muito particulares.

 

Segundo Kanner (1943) “devemos pressupor que as crianças autistas vieram ao mundo com a incapacidade inata para constituir biologicamente o contacto afetivo habitual com as pessoas, assim como outras crianças vêm ao mundo com deficiências físicas ou intelectuais inatas”.

 

Verifica-se que, embora o autismo resulte de uma disfunção no desenvolvimento do Sistema Nervoso Central e a investigação indique que os fatores hereditários e genéticos tenham um peso importante, também, a forma como o meio ambiente aceita e lida com estas crianças e jovens são determinantes no seu desenvolvimento e na sua inclusão social.

Assim sendo, e tendo em consideração a Federação Portuguesa de Autismo, são consideradas as principais características do autismo as seguintes:

•    Um desejo autista pela conservação da semelhança;

•    Ecolália;

•    Dependência de rotinas e resistência à mudança;

•    Comportamentos compulsivos e estereotipados;

•    Boa capacidade de memorização mecânica;

•    Dificuldade em expressar as suas necessidades;

•    Expressão ausente;

•    Mutismo ou linguagem sem intenção comunicativa efetiva;

•    Hipersensibilidade aos estímulos;

•    Relação estranha e obsessiva com o objeto;

•    Rejeição fácil ao contacto físico;

•    Dificuldade em estabelecer contacto visual;

•    Parece surdo, apesar de não o ser;

•    Choros e risos imotivados;

•    Falta de capacidade de socialização;

•    Pode começar a desenvolver a linguagem mas repentinamente esta é completamente interrompida;

•    Age como se não tomasse conhecimento do que acontece com os outros;

•    Não explora o ambiente e as novidades e costuma restringir-se e fixar-se em poucas coisas;

•    Cheira, morde ou lambe os brinquedos e ou roupas;

•    Comportamentos auto e hétero agressivos.

 

Tendo em conta o referido, é de salientar a influência do meio envolvente e do contexto em que estas crianças estão inseridas (familiar, escolar) no seu próprio desenvolvimento.

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